domingo, 8 de abril de 2012

Dificuldade nas relações –Terapia individual, de casal ou de família?

Desde o nascimento, as relações são cruciais para nossa existência. Somos apresentados ao mundo pela relação com nosso primeiro cuidador. Começamos a nos conhecer através dessa primeira relação e continuamos o processo de nos construir através das relações posteriores.
A importância das relações em nossas vidas se torna crucial, somos produtos delas, num jogo eterno entre o que pretendemos ser e o que o meio nos permite. Essa dança é um eterno vir a ser, que busca o equilíbrio, o fluir natural do ser. Nossas relações são fonte de saúde e de doença; de amor e de ódio, de trocas que podem nos nutrir ou nos contaminar.
Dizem que o amor deve começar em nós, caso não haja amor por si mesmo, como será possível amar a outro alguém? Se nossas relações são nossas fontes, como é que poderemos nos amar antes? Não deixa de ser um paradoxo, talvez o primeiro e mais importante paradoxo de nossas vidas.
Tal paradoxo nos aponta para o principal foco, a fonte de todas as nossas relações: a forma de nos relacionarmos conosco. Meu relacionamento comigo mesmo é o que me permite escolher novas formas de me relacionar com os outros. E assim, nossa liberdade de ser está entrelaçada a nossas relações com o outro ou conosco num eterno fluir de ciclos sucessivos.
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Toda dificuldade do ser humano está ligada de alguma forma  às relações.


Sempre que o nosso fluir entre o dentro e o fora é bloqueado, adoecemos. Perdemos contato com o momento presente e nossas sensações nos levam para outros tempos. Todas as dores e obstruções já vividas nos obstruem os sentidos. A sensação de abandono, de rejeição, ocupa todo nosso ser e perdemos o possível contato com o novo. A repetição é tudo que conhecemos, passamos a vítima “como sempre” de outro alguém... Será sempre o outro o responsável pelo meu destino?

Como a psicoterapia pode ajudar?
É sabido que a psicoterapia é o espaço indicado para os problemas da mente do ser humano,  questões emocionais ou sua dificuldade com elas.
Para o psicoterapeuta o mais importante é a saúde e não a doença. Nós, psicólogos que trabalham na abordagem gestáltica, acreditamos no potencial do ser humano para sua autorrealização. Toda questão que acomete o ser humano provém da interrupção deste processo. Nosso trabalho é favorecer o contado do cliente consigo próprio, tornando-o capaz de se integrar como ser, retomando sua forma de funcionar no mundo, sendo capaz de reconhecer suas imperfeições e ampliar suas potencialidades. O projeto de vida é do cliente, nosso trabalho é como o de um consultor, que auxilia no processo de retomar seu caminho. Então, é na terapia que o cliente encontrará espaço para si mesmo. Lá, será o lugar de se reintegrar, se religar ao mundo e a si mesmo de forma saudável.
É comum que as pessoas só procurem a terapia por conta de algum acontecimento extremo, mas os sinais de que algo não vai bem nas relações consigo e com o mundo já andava mal há tempos. Há que se perceber que o motivo reconhecido pelo cliente como razão de sua terapia, nem sempre é de fato a questão principal. Nossos sintomas são como um alerta de nosso organismo, uma busca inteligente de reconstrução de si mesmo. São sintomas e possíveis “doenças” que nos levam a procurar a ajuda necessária. Neste aspecto, transformam-se nossa maior força, mesmo que em momento de aparente fraqueza.
Na contemporaneidade o que mais leva pessoas a procurar a psicoterapia está relacionado a algum tipo de perda. Pode ser a perda um ente querido ou  de um relacionamento. Pode acontecer quando acreditamos que estamos perdendo a razão ou o controle de alguma situação. Pode ser por indicação de outra pessoa ou apenas por alguma dificuldade no trato com os outros. Pode simplesmente ser por conta de um diagnóstico ou psicodiagnóstico já proferido, ou por indicação de outro profissional. Pode ser porque a pessoa, o casal ou a família se percebem doentes. Entretanto, seja por qual motivo for, a maior questão estará relacionada à forma de se relacionar consigo e com o mundo. E nesse aspecto, a psicoterapia é o procedimento indicado.

Atendimento psicoterápico individual, 
de casal ou de família, qual o indicado?
Homem em psicoterapia
O homem não tem o hábito de procurar terapia. Qualquer que seja o sintoma desenvolvido, eles costumam chegar quando o controle já lhe foge, quando o problema já está afetando sua vida profissional, familiar ou emocional. Quando não vem trazido pela mão de outra pessoa, raros são os homens que buscam a terapia por novas questões. Em geral, muitos aspectos já estão comprometidos quando chegam ao consultório, já estão de achando à beira da loucura, já lhe foge a razão e só assim admitem ajuda profissional. Depressão, Fobias, acontecimentos traumáticos, abandono, doenças e outras patologias podem ser a razão principal da sua procura. Na maior parte das vezes, a terapia individual é indicada, muitas vezes trabalhando em parceria com outros profissionais da área de saúde.
Mulheres em psicoterapia
As mulheres procuram a psicoterapia por diversas razões, mas na maior parte das vezes tem a ver com problemas nos relacionamento amorosos, sejam atuais ou passados. Há também outras questões, como depressão, fobias, crise de identidade, descontrole emocional entre outros. Há apenas a necessidade de ter um espaço todo seu, para que possa se reconhecer melhor. Entretanto, geralmente há algum tipo de dificuldade nos relacionamentos como questão principal, seja nas relações afetivas, sociais ou familiares. O atendimento individual é indicado na maior parte dos casos, embora também seja produtivo o atendimento de grupo, principalmente quando a maior questão é comum ao gênero.
Terapia de Casal
Quando o relacionamento amoroso é o foco da questão e o casal está empenhado em resolver, indicamos a terapia de casal. Há uma acomodação nas relações amorosas que é muito comum e podem ser muito bem trabalhadas na psicoterapia de casal. Algumas vezes o interesse do casal é tornar o processo de separação mais saudável para ambos que procuram ajuda na psicoterapia, outras vezes apenas um deles deseja fazer a terapia e trás o outro na tentativa de reconstruir a relação. Em todos os casos o mais importante é que ambos estejam na terapia por vontade própria, ainda que tenha sido convencido pelo outro. Como em qualquer terapia, é necessário que o cliente esteja ciente da proposta, disposto a trabalhar em busca de si mesmo. O trabalho é feito com o casal, de forma que a prioridade esteja na responsabilidade individual da construção de parceria, sem que seja permitido apenas apontar para os erros do outro. O foco deixa de ser os erros que dificultam passando para o reconhecimento dos aspectos que contribuem para o vínculo.
Terapia familiar
Quando a dificuldade está na relação com um único membro da família, que se torna problema para ambos, então, pode ser indicado o início do trabalho com apenas esses membros, evoluindo para uma psicoterapia familiar.
Quando as relações familiares estão sendo percebidas por todos como uma questão a ser trabalhada, podemos indicar a terapia familiar. Em alguns casos, a família está em um momento tão disfuncional que não permite o atendimento familiar. Nesses casos, indicamos que seja iniciado pelo atendimento individual daquele que estiver disponível, iniciando o processo através deste, podendo evoluir posteriormente para o atendimento familiar ou indicação da família para outro colega.
Terapia infantil
Crianças chegam a todo o momento nos consultórios psicológicos com diferentes tipos de problemas de comportamento ou sintomas. O atendimento infantil é sempre permeado de contato com a família da criança. Seja qual for a questão que levou a criança para a terapia, é exigido o comprometimento dos familiares no processo de psicoterapia, como condição necessária para o tratamento. Muitas vezes, a criança desenvolve um sintoma como reação a alguma questão familiar, tornando necessário que todos resgatem suas responsabilidades individuais, facilitando o processo de crescimento saudável da criança. Ainda que seja indicado o atendimento individual, nesses casos é importante que pais e irmãos sejam comunicados desde o início sobre a necessidade de possíveis participações durante o processo.
O vínculo terapêutico é uma relação saudável que favorece a nossa reintegração, nos pemitindo assumir responsabilidades e nutrindo a ampliação de nossas potencialidades. Procure um psicoterapeuta!

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