terça-feira, 10 de maio de 2011

Primeiro contato com a terapia

Não é nada fácil chegar ao consultório de psicoterapia.
Você pode estar sendo levado por alguém ou por um sintoma.
Pode ter sido encaminhado por um amigo ou um profissional de saúde.
Pode já ter feito terapia antes, com uma experiência boa ou não.
Pode simplesmente ter decidido se auto-descobrir.
De toda forma, não é fácil o primeiro contato com o psicoterapeuta.
Estar diante de um estranho com quem se pretende falar de suas mais profundas questões, definitivamente, não é fácil!
Em minha experiência de atendimento clínico, percebi algumas questões comuns que podem ser esclarecidas.

Uma delas é achar que o sintoma que tira o próprio controle é sinônimo de loucura. Não, não é. Os sintomas são como a febre, sinal de que algo não anda bem no seu organismo, apenas isso. O sintoma, mesmo que seja muito parecido com um surto de loucura, não basta para definir um quadro psicótico. Na verdade, na abordagem gestáltica, sintoma é uma ação criativa e inteligente do organismo na busca por um equilíbrio. O próprio sintoma, então, se torna um sinal de saúde, visto que sinaliza um caminho, uma porta para a buscar de equilíbrio do indivíduo. Para nós, terapeutas, é um ótimo "sinaliza-dor" das questões mais profundas do ser.
Outra questão muito comum é achar que psicoterapia é coisa para "maluco" ou para quem não se cuida. Também é uma ilusão. Como já foi dito na página "Psicoterapia, psicologia e psicanálise - diferenças", todas cuidam das questões humanas mentais, seja o indivíduo considerado insano ou não.


Em meu primeiro contato, costumo dar espaço para as questões do cliente, tanto quanto explico o que é a proposta do nosso trabalho. Sim, falo de nosso trabalho por considerar necessário uma boa parceria para que o processo terapêutico tenha sucesso. É imprescindível que o cliente saiba que ele tem um projeto de vida onde é o ator protagonista, e que, quando busca um profissional, está buscando um consultor para o andamento do processo. Para isso a parceria tem que ser bem definida no primeiro encontro.
Muito antes do fechamento do contrato, onde são acertadas as condições dessa prática, faço uma exposição concisa sobre as diversas abordagens e suas diferenças. Me aprofundo na abordagem gestáltica, sua visão de homem e de mundo, seu método e possibilidades. Acho isso tão importante quanto a questão de avaliar as possibilidades de vínculo por si. Pois, nesse encontro chamado de entrevista, ambos estão em situação de avaliar a possibilidade de se vincular. O profissional ouve as queixas do cliente a avalia seus limites e disponibilidade de trabalhar com, o cliente, por sua vez, avalia se a proposta e a pessoa do profissional estão de acordo com sua disposição.
Embora a psicoterapia se diferencie pela abordagem a qual se propões, há também diferenças pessoais. Pois, independente das ferramentas que o tipo de abordagem ofereça, o profissional que as escolhe é também uma pessoa com suas preferências e sua forma de "estar no mundo".
A abordagem gestáltica vê o homem em sua totalidade, um organismo em relação num "vir a ser" constante, o homem físico, mental e espiritual - Estas são esferas indivisíveis e interrelacionadas. Para nós, o ser se constitui na relação com o seu meio/mundo, portanto, não pode se desvincular dele. Acreditamos no potencial humano e sua capacidade para auto-realização, podendo desenvolver seu potencial no momento presente, aceitando-se como é. 

A queixa, o sintoma ou o diagnóstico já realizado são importantes para compreender o momento do cliente, mas não são nosso foco principal. Pois, a importância está na pessoa e não no que ela tem ou qualquer "rótulo" que possa carregar. Para nós o ser, a pessoa do cliente, é o princípio do processo e o meio para tornar-se quem é. Esse é o propósito do nosso trabalho. O que tenho não me transforma no que sou, pode falar algo de mim, mas não me define. O importante é descobrir o que faço com "isso" . A saúde é nosso foco no momento presente, o passado já aconteceu, o futuro ainda não chegou.

Então, nosso trabalho é ajudar o cliente a dar-se conta de si, revelar-se em seu potencial criativo para estar no mundo em equilíbrio, que é sinônimo de saúde. Para isso usamos ferramentas lúdicas como; estórias, arte, desenhos, filmes, teatro, etc. Qualquer ferramenta que auxilie o cliente a dar-se conta de si mesmo, de como funciona no mundo, de como se interrompe no processo de auto-realização, nós utilizamos no set terapêutico. O que nos faz escolher qual técnica ou ferramenta usar no processo terapêutico é o cliente e seu funcionamento. A forma de chegar ao consultório, suas questões, seu movimento é que irão definir o processo, tanto quanto o funcionamento do terapeuta e sua forma de perceber o momento do cliente. É esse no encontro que o processo se desdobra favorecendo a integração de pensamento, sentimento e ação no momento presente, o que é sinônimo de saúde!

O set terapêutico é um espaço seguro onde o cliente é acolhido em sua forma de ser. É o ambiente em que pode elaborar sua dor, viver suas frustrações e angústias com  suporte. É aí que poderá se revelar, se descobrir, desenvolver suas potencialidades e seu auto-suporte para lidar com novas questões. Ampliando sua capacidade para novas escolhas, reconhecendo suas limitações, aceitando-se como é (o melhor que pôde ser até então), abre espaço para viver o presente como se revela, sem amarras de outro tempo.   

3 comentários:

  1. OLÁ PATRICIA.

    SOU SEU MAIS NOVO SEGUIDOR.

    LAMENTO SÓ TER ENCONTRADO SEU BLOG , AGORA.

    MAIS TUDO TEM SEU TEMPO CERTO, ENFIM...

    GOSTEI E VOU INDICAR SEU BLOG PARA OS MEUS ALUNOS UNIVERSITÁRIOS, POIS VIREI BLOGUEIRO POR EXIGÊNCIA DELES (RS)

    TAMBÉM, ESTOU LHE CONVIDANDO PARA CONHECER MEU BLOG DE HUMOR:

    “HUMOR EM TEXTO”.

    A CRÔNICA DESTA SEMANA É:

    “CALOR DO AMOR EM CIMA DO TELHADO”

    É DE HUMOR ...E DE GRAÇA

    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

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  2. VC TEM ALGUMA ENTREVISTA COM CASAL ?
    GOSTARIA DE LER.

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  3. VC TEM ALGUMA ENTREVISTA COM CASAL ?
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